Recife, Brasil

catamara-3

É, voltei. Depois de uma maratona e metralhadora de novidades e atualizações em minha área de trabalho (Arquitetura) em Lisboa, em companhia de meu namorado, da mesma área, Diego, retornamos a nossa terrinha natal muito agradecidos e saudosos. Além disso, como muito já se fala a respeito, voltamos com algumas mudanças em nós, algumas evidentes, outras nunca saberemos definir direito de tão profundas.

O que acontece assim que pisamos cá? Precisamos matar as (inúmeras) saudades, a começar pela família querida e amada a nos esperar no aeroporto, depois até das comidas e, por que não, da cidade? Fiquei tão imersa nesse ano inteiro de nossa “re-estabilização” em Recife – e tão chateada por ter escrito inúmeros parágrafos sobre nossa viagem a Paris e algum bug fez com que tudo fosse apagado da noite pro dia – que decidi tirar férias das redes sociais (e isso atingiu facebook e instagram), mas foi deste blog as mais longas férias de todas. Este especialmente é meu diário de memórias pessoais principal agora online, e passei muito tempo mais concentrada em recordar do que acumular recordações. Obviamente o plano não foi bem o ocorrido: neste meio-tempo já aconteceram tantas coisas boas e postas em cantinho especial no cérebro e coração que não cabem nem aqui.

Enfim, não é para desabafar que estou cá postando, é para falar de UM desses acontecimentos memoráveis. Recebi, durante o carnaval do ano passado (2016) uma visita bastante especial: uma amigona colombiana, mas que conheci em minha primeira viagem à Roma, e desde então não perdemos mais contato. Além de uma saudade a mais por matar (a dela), sua vinda me fez acumular tantas experiências em minha própria terra natal para levar comigo para sempre que resolvi fazer aqui algo que deveria ter sido um de meus primeiros posts, posto que diz MUITO sobre mim: falar sobre Recife. E assim pretendo continuar sempre que eu lembrar de registrar e anotar coisas interessantes, quem sabe não estimulo Cata a voltar? Rs. Quem sabe não estimulo outros amigos worldwide a me visitarem? Quem sabe, você leitor, seja lá quem for, venha a se interessar!?

Neste primeiro post, pretendo citar alguns lugares que gosto de apresentar às minhas visitas, porque obviamente são meus queridinhos, mas alerto de imediato que pernambucano tende a ser bairrista, e babo MESMO minha cidade e nossa cultura. Rs. Sendo assim, nesse primeiro post aparecerá apenas o must see turistão. É provável que nos próximos eu mostre o Recife além do foco turístico, ok?

Paço do Frevo

recife-3

recife-2

recife1

Começo aqui logo informando que dia de terça-feira a entrada é gratuita! Rs. Confesso que a princípio, quando entramos neste museu, que diz respeito a uma dança típica de Recife (denominada… Frevo! Dã…), não gostamos muito. Poucos objetos interativos, muito texto principalmente no térreo, que é o início da visita (e tínhamos um tempo curto), e não entendemos NADICA da arte exposta em outro ambiente neste mesmo pavimento.

recife-5

O que fez tudo mudar foi termos nos misturado com um grupo de 3 pessoas que seguiam um guia maravilhoso! Infelizmente esqueci o nome dele, mas era um apaixonadíssimo pelo Frevo e Maracatu (outra dança típica da região) e explicou tudo e tirou todas as nossas dúvidas com paciência e muita empolgação. Já fica minha primeira dica: procure um guia.

recife-4

Depois, descobrimos a real interatividade do museu: está principalmente nos eventos que ocorrem! O primeiro pavimento é maravilhoso! Tão maravilhoso que foi difícil tirarmos uma foto de nós três sem que aparecesse ninguém mais com uma câmera na mão apontando pra quaisquer lados; e é justo neste ambiente que ocorrem as atrações recorrentes, de aulas de frevo, apresentações de frevo, e por aí vai…

recife-6

Mas como em época de carnaval tudo muda, tudo agita e tudo cresce, fomos surpreendidos com uma brincadeira envolvendo as pessoas presentes, onde todos tiraram os pés do chão ao som do Frevo canção e, logo após, tivemos o prazer de assistir a uma apresentação maravilhosa de um grupo de Maracatu! Preciso ainda dizer que foi uma experiência de introdução excelente a nossa cultura?

Olinda

olinda-02

Fim de tarde para noite fomos à Olinda, caminhamos um pouco e depois acompanhamos o Bloco da saudade! Ôxe*, mas não é sobre Recife que estavas escrevendo, Rafa? Sim, eu explico, Olinda é nossa “cidade irmã”, e mesmo os olindenses tendo um grau mais elevado de “bairrismo” que os recifenses, temos muito MUITO orgulho também dessa cidade naturalmente linda. Vale muito à pena um passeio na sua região histórica, por suas ruas de paralelepípedos com casarios que faz parecer quase uma cidade cenográfica, se perder nas inúmeras lojinhas e bares, visitar suas igrejas e subir até a Sé, provar a famosa tapioca da Sé e olhar a vista lá do alto, a vista de… Recife!!! Ok, estou puxando sardinha, dá pra ver muito de Olinda também.

olinda-03

olinda-04

olinda-05

Passamos um tempo percorrendo as ruas a noite atrás do Bloco da Saudade, cujo mastro, máscaras, e um pouco da história, já tínhamos visto exposto durante o dia no Paço do Frevo; introdução à cultura da teoria à prática! Aqui o “negócio” é completo. Rs.

Casa da Cultura

casa-da-cultura-03

Uma das primeiras paradas do segundo dia de minha amiga aqui foi a Casa da Cultura. Um antigo presídio, onde as selas dos presos de outrora foram transformadas em inúmeras lojinhas de artesanato local. A atmosfera do edifício torna a experiência do passeio interessante, e confesso gostar especialmente da pequena adrenalina para subir ate as lojas dos andares superiores, através das escadas antigas, estreitas e de madeira.

casa

Em época de carnaval também costuma acontecer apresentações no seu pátio, e também tivemos esta sorte! Dessa vez foi a apresentação de caboclinhos, mais uma das inúmeras facetas do carnaval multicultural e popular de Pernambuco.

Passeio de Catamarã

catamara

catamara-2

catamara-4

O passeio de catamarã no Recife é outro passeio imperdível! Eu prefiro fazer no horário do pôr do sol, quando dá para ter uma ideia das vistas da cidade de diferentes pontos, tanto de dia quanto a noite, sem contar com o clima que se torna mais ameno; e a noite, com toda iluminação e reflexos no rio, a paisagem torna-se incrivelmente atraente!

catamara-5

catamara-7

Existem vários trajetos, a depender de maré e horários, mas no mais “completo” deles dá para observar, do rio, desde o Marco Zero da cidade, a famosa praça das esculturas de Brennand,  os restaurantes do Armazéns do porto, edifícios marcos da cidade, e até suas inúmeras pontes e alguns de seus bairros. Resumindo, é nosso “oficial” sightseeing tour!

Armazéns do Porto

armazens

Infelizmente não tivemos tempo para ir aos Armazéns do Porto (projeto que teve como uma de suas referencias o Puerto Madero em Buenos Aires, e também deu super certo por aqui) e, com o carnaval, logo os horários, acessos, tudo mudou no Recife Antigo, mas este não pode faltar no meu top 10. Bem ao lado do Marco Zero, defronte ao Artesanato de Pernambuco – falarei sobre jajá – há inúmeros bares e restaurantes para variados gostos, e de variados preços, com vista ao rio e ao Parque das esculturas de Brennand – artista que também comentarei em breve. Sempre gosto dos fins de tarde/noite petiscando, batendo papo, admirando a vista e sentindo a brisa (sim, prefiro sentar na área externa e ver o movimento) no espaço do Armazéns do Porto.

PS: a imagem é a vista do catamarã para o Armazéns do Porto.

Cais do Sertão

cais-03

cais-02

Também começo a falar deste avisando que em dias de quinta-feira a entrada é gratuita! Meu museu queridinho do momento é este, também conhecido como Museu de Luiz Gonzaga, famoso cantor disseminador da cultura nordestina. Prepare-se pra ver, ler, sentir e ouvir nosso querido e amado Nordeste brasileiro! É que nele são expostos vídeos, músicas, filmes, ambientes cenográficos, inúmeros objetos utilizados no Sertão, instrumentos musicais, etc.

cais-01

cais-04

Também muito bem servido de bons instrutores e funcionários, acredito que hoje seja o museu mais interativo de Recife, e um dos mais divertidos de visitar. Das atividades interativas, destaco o karaokê, onde é possível gravar e depois ouvir sua própria voz ao cantar clássicos de Luiz Gonzaga, e também o ambiente onde são expostos e apresentados inúmeros instrumentos musicais utilizados no Nordeste; e geralmente ao final da explanação a respeito deles ainda podemos experimentar tocá-los! É muito divertido, e engana-se quem acha que não consegue tocar nenhum instrumento musical fora o apito. Rs.

Artesanato de Pernambuco (e marco zero)

marco-zero

Além da casa da cultura, com seu ambiente único, outro lugar maravilhoso para quem gosta de conhecer o artesanato local é o Artesanato de Pernambuco (bem de fronte ao marco zero – impossível não ir lá). Sou fã deste local, porque a proposta é maravilhosa: inúmeros artesãos de todo Pernambuco expõem e vendem suas peças lá. A partir disso, tenho conhecido e reconhecido artistas pernambucanos do interior do estado que possivelmente demoraria muito mais a conhecer se não fosse por esta iniciativa.

artesanato-recife

Sim, vez ou outra vou lá… Tem peças muito caras e caprichadas, e já comprei uns bons “achados”! Em todas as peças são informados a procedência e o artista responsável.

Instituto Ricardo Brennand

rb1

rb4

Depois de conhecer o Cais do Sertão, o museu de Ricardo Brennand se tornou meu segundo favorito de Recife, mas só porque eu sou babona da nossa cultura, o IRB é tão bom (e bonito) quanto! O único fato triste para os mochileiros de plantão é que não há dia de gratuidade.  Antes mesmo de entrar no museu propriamente dito, a experiência acessar a área onde se situa o museu é ótima, tudo muito bem cuidado e mantido, esculturas nos jardins, paisagismo e jardinagem muito bem trabalhados, e um rio donde se observam alguns animais relaxando de forma a dar até inveja deles.

rb2

rb3

O instituto foi fundado por Ricardo Brennand, dono do acervo que compõe uma das principais atrações do museu: sua coleção de armas do mundo todo! Outra exposição (minha favorita do museu) é a respeito da documentação histórica e iconográfica do nosso período colonial ao “Brasil holandês”, com destaque para a maior coleção do mundo de pinturas do artista Frans Post. É um museu grande, dá para desfrutar dele por horas a fio, ao caminhar por suas inúmeras exposições e ambientes, como é o caso da exposição de bonecos cera em tamanho natural, que simulam o julgamento de Fouquet.

Oficina Brennand

fb-1

fb-2

fb-3

De posse de membro da mesma famosa família, a Oficina de Francisco Brennand é uma das visitas mais recifenses desta lista, segundo eu mesma. Rs. Leva nome de seu idealista, o famoso artista plástico brasileiro, muito conhecido pelos seus trabalhos como ceramista, autor do Parque das esculturas (que dá para avistar desde o Marco Zero da cidade, lembra?). Muitas obras de sua autoria estão espalhadas por lugares em todo o Recife, a exemplo do Shopping Recife e RioMar Shopping, os principais da cidade. Entretanto não é só de cerâmica que funciona a Oficina, também há exposição de suas pinturas no local.

fb-4

Além de fazer a visita, é possível adquirir peças Brennand; a dificuldade é escolher uma no meio de tantas presentes nas amostras expostas, mas aviso logo que tem que ir preparado porque elas valem muito. É preço pela qualidade e beleza, são demais mesmo, sou fã… Quando entro em ambientes com piso Brennand (morei num apartamento assim quando mais nova), confesso que dá logo vontade de pôr o pé no chão e sentir sua superfície, para além de olhar e admirar as peças #soudessas #colocohashtagsmesmosemfuncionarnoblog Também, é possível observar alguns operários com a mão na massa e ver um pouco do making off de elaboração dessas peças tão estimadas. Por fim, devo destacar que o restaurante da Oficina também é excelente, vale a pena, além de servirem tudo em louças por… Francisco Brennand, claro!

Porto de Galinhas

porto1

porto3

porto2

Novamente, não é de Recife que estas falando aqui, Rafa? Calma, que também explico: sim, eu poderia citar a praia de Boa Viagem – a praia de Recife de fato – mas não que ela não seja bonita, não que não dê pra molhar os pés, não que não seja gostoso tomar uma aguinha de côco ou uma caipirinha(roska) por lá, nem que não seja boa para caminhar, andar de bike, andar de patins; é sim, e já fiz muito tudo isso… Mas é que eu acho que se você vem a Recife, Boa Viagem não tem nada de extraordinário face as outras praias urbanas Brasil afora, então vale muito a pena aproveitar que chegou pertinho e ir até a praia de Porto de Galinhas (pelo menos)!

mergulho

Pernambuco tem muitas praias maravilhosas e lindas para quem gosta de sal e sol, mas Porto é com certeza a mais famosa e bem estruturada para receber turistas. Com bons lugares para banho de mar, pousadas, passeios de catamarã e buggy, inúmeros restaurantes e várias lojas de souvenir… Mas foi mesmo no mergulho que mais nos esbaldamos! É uma experiência excelente se você nunca mergulhou antes, e foi o que nós fizemos, fomos “batizados” em Porto de Galinhas.

Enfim, são estes os meus favoritos, CASO eu não tenha esquecido de nenhum. Sim, nós fomos a mais lugares, fizemos mais coisas, principalmente porque era época de carnaval e Recife FERVE – quase que literalmente – nesta época! Rs. Como disse – até para este post não ficar extenso demais – aqui estão apenas alguns destaques meus, a não perder numa visita. Costumo dizer que Recife é linda, porém mal cuidada (ainda; infelizmente), imagina se não fosse! Cheinha de problemas típicos brasileiros (e alguns muito comuns aos países de 3º mundo) – e com isso não estou cá dizendo que em países de 1º mundo não há problemas, vale ressaltar – mas, parafraseando a citação de uma amiga no facebook, ao falar da nossa cidade: ao viver aqui você “apanha”, mas gosta. Eu amo.

*Ôxe: abreviadção de oxente, e a forma desta expressão mais utilizada em Recife.

 

 

Deixe um comentário