Serra da Estrela, Portugal

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Alerta de overdose de fotos!!! Não resisti.

Definitivamente, um dos melhores dias [para mim] da nossa vida em Portugal, até o momento, e me deixou extasiada!!! O inverno daqui a alguns dias dará lugar à primavera e nós precisávamos nos despedir dele com chave de ouro: Serra da Estrela, claro! É simplesmente o ponto mais alto de Portugal continental (1993m de altitude) – o mais alto ponto de Portugal como um todo fica nos açores, trata-se da Montanha do Pico (que é um vulcão, na verdade, com 2351m de altitude). A Serra da Estrela faz parte do Parque Natural da Serra da Estrela, maior área natural protegida em solo português! Eu e Diego, então, pensamos que devíamos dar adeus à essa estação que nos é tão nova (ok, não tão nova assim, eu ja vivi no inverno aqui, e também na Argentina, mas nunca passei TANTO TEMPO no inverno assim… Inverno mais longo da minha vida está sendo este e, não, não é minha estação favorita, vide a realidade de onde nasci (Recife-BR) e na qual me acostumei a viver por anos e mais anos… Rs.). Enfim… Fomos a procura das melhores formas de chegar até lá e, pasmem, para um lugar tão turístico assim, o acesso ainda é um bocado limitado, mas ao chegar lá em cima dá para entender mais ou menos o motivo… Rsrs. Então vimos que havia duas formas, uma era de autocarro (ônibus) e dependia de um número mínimo de pessoas (20 pessoas) para que ele saísse (e apenas sairia no primeiro sábado de março), a outra era irmos de carro… Chamamos Gabi e Leo para uma aventura (num domingo de sol há uns dias atrás foi a vez deles de nos chamarem para uma aventura, agora foi a nossa vez, claro! Rs.), e depois de uma conversa optamos todos pela segunda opção de acesso, pois Leo não tinha disponibilidade de horário no dia em que o ônibus iria sair (07/03), então ele nos falou que só poderia ir conosco se fossemos neste sábado passado e, prontamente, eu e Diego aceitamos o “desafio”… Praticamente de um dia para o outro compramos lanches pra viagem e tivemos que arrumar a “mala” de uma aventura na neve (MUITO agasalho e roupas impermeáveis, além de roupa extra caso alguma coisa desse errado e nos molhássemos, e assim pudéssemos nos trocar para não morrermos de frio). Trata-se, em média, de 3:30hrs de viagem, com paisagens maravilhosas, entre a metropolitana e globalizada Lisboa até a zona que conserva as características mais medievais de Portugal … um dia ainda conhecerei a aldeia considerada mais portuguesa de Portugal, que é próximo à Serra da Estrela: Monsanto.

Confesso que acordamos MUITO cedo no sábado porque havíamos marcado sairmos as 7hrs da manhã, já que a viagem era longa até lá e queríamos aproveitar ao máximo e, então, tirei uns cochilos no início da viagem… Rs. Mas quando a paisagem foi mudando mais, ao apresentar casas mais típicas, feitas de pedras, pastores com ovelhas, várias pequenas vilas do interior de Portugal, uma atrás da outra, e por aí vai, perdi o sono instantaneamente e a cada km rodado, uma paisagem maravilhosa para deslumbrar!

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As vias por onde passávamos eram um detalhe singular da sensação da viagem até a Serra da Estrela e, nesse quesito, conseguimos finalmente entender porque o acesso à Serra (serviços de transportes públicos) é tão limitado… É que desde as avenidas que começam em Lisboa até a Serra da Estrela a estrada só faz diminuir!!! Parece que estamos entrando realmente numa área extremamente protegida e só contribui com a sensação de estarmos explorando uma região que ainda conserva muitos aspectos da sua cultura tão antiga!

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Finalmente, depois de inúmeras vilas e vários “Ohhhs” entre uma paisagem linda e outra mais linda ainda, chegamos à primeira parada do nosso Roteiro: Poço do Inferno! No Parque Natural da Serra da Estrela há umas possibilidades de trilhas a serem percorridas pelas pessoas (de fato, vimos muitos de bike pelas estradas.. Haja energia pra tanta ladeira!), e uma das trilhas tem como uma das paradas o lindíssimo Poço do inferno. Claro que não percorremos a trilha inteira porque tínhamos um tempo bem limitado na Serra, mas quando fizemos o roteiro (eu e Gabi, na realidade, fizemos) não conseguimos deixar essa parada de fora porque não fugia muito da rota e pelas fotos parecia ser realmente bonito! Então, fomos em direção de lá! A cascata do Poço do Inferno tem em torno de 10 metros e diz-se que nos invernos mais rigorosos ela se transforma mesmo em gelo o que também deve ser lindo. O poço do inferno é justamente a parte da trilha facilmente acessível ao ir de carro, mas chega um momento que temos que estacionar e colocar as pernas pra trabalhar! Rs. E lá fomos nós…

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O lugar é bastante turístico, já tínhamos percebido ao estacionarmos, pois tinham muitos JIPES estacionados por lá e a gente de carro convencional chamando atenção entre os aventureiros profissionais hahaha, mas esse fato só se confirmou ao chegarmos no início do percurso ao Poço do Inferno, porque estava cheio de pessoas entrando e saindo. Bom, já estávamos lá, né? Parecia que valia a pena, então… Por que não, né?! O fato é que o caminho é bem complicadinho e nós já tínhamos lido sobre isso na internet antes de irmos  e com tanta gente passando de um lado por outro entre o percurso tão alto e estreito ficava só um pouquinho mais tenso (emocionante, eu diria). Rs. Claro que colocaram para-peitos até a chegada no Poço, e se não fossem por eles, acho que caiam uns 10 por dia entre as pedras… Mas o pior é o final, que depois de passarmos por uma tranquila ponte de madeira, tem que ter perna pra conseguir pular de uma pedra para outra até chegar no chão e, principalmente, para voltar tanto que Gabi não topou chegar pertinho da queda d’água, preferiu ficar na ponte mesmo heheh.

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Finalmente, depois dos obstáculos naturais (pedras) e humanos (muitos turistas), chegamos ao bendito Poço do Inferno! Que de inferno não tem nada talvez alguns só achem o percurso um pouco infernal! Rs. É lindo! Eu seria capaz de passar muito tempo ali admirando aquela paisagem da natureza e ouvindo o som da queda d’água. E, também, seria capaz até de ficar tomando um banho ali, caso não estivesse tão frio e a água provavelmente mais fria ainda!!! É que a água era tão transparente, tão linda, TÃO convidativa! Ficamos um tempo ali a admirar e bater fotos e discutir o como no verão ali deve encher de gente… Rs… E depois, passamos pelo mesmo percurso de retorno ao carro, que nos levou ao ponto alto (literalmente) do passeio: o lugar mais alto da Serra da Estrela! Neve!!! Afinal, era despedida de inverno o que buscávamos…

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No caminho… Mais e mais paisagens lindas! A cada km rodado as pedras vão tomando cada vez mais conta da paisagem e daí entende-se porque as casas mais típicas da região são todas de pedra! Não consegui uma foto muito bonita de uma casa típica porque estávamos em movimento enquanto as víamos, mas dos montes tenho inúmeras fotos! Outra coisa que não tardou para chamar nossa atenção foram as águas que caiam por entre as pedras que apareciam com frequência… A água glaciar engarrafada na Serra da Estrela é considerada uma das melhores do mundo! Tem um município nas redondezas da Serra da Estrela, chamado Manteigas, onde suas casas tem essa água a correr nas torneiras! Sim, eu bebo água da torneira aqui em Lisboa, mas não tenho nem idéia da fonte, mas é super confiável, tem até cartazes no metrô daqui que estimulam a gente a tomar água da torneira!!!

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Depois que os “Oooohs” da paisagem pedregosa e de córregos de água se sessam, começam a aparecer os “Ooohs” das nuvens MUITO próximas a nós! E observar isso também dá uma sensação especial ao trajeto de constante subida ao topo da Serra da Estrela…

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E então, depois de algumas curvas e constante subida, ela, a neve! Nossa primeira visão da neve foi registrada, claro! Com zoom, claro! Rs. E seguimos subindo em direção a ela, claro!

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Aos poucos, enquanto subíamos e subíamos, passávamos a avistar cada vez mais nuvens ao nosso lado e outras mesmo abaixo de nós! Além dela: a neve! Ia pouco a pouco tomando conta da paisagem ao nosso redor… O que trouxe uma felicidade extra aos nossos rostos depois de TANTOS quilômetros sem avistar nem um floquinho próximo a nós…

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Não resistimos e, quanto houve espaço, estacionamos o carro para vislumbrar a paisagem com calma! Vista linda do alto! Pudemos tirar nossas primeiras fotos-crianças-felizes-na-neve e acredito que tenha sido o primeiro contato de Diego com a Neve! Agora temos outra coisa em comum: nossos primeiros contatos com neve foram na Serra da Estrela! Não é romântico? Kkkkk

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Aquela neve não nos satisfez, claro, tinhamos que continuar subindo e subindo e subindo e… Entenderam, né? Era muita subida mesmo! Rs. A cada trecho percorrido cada vez mais neve ao nosso lado e mais sorrisos e empolgação em nossos rostos! Principalmente quando começamos a avistar também algumas pessoas na neve a brincar ou fazer bonecos de neve… E a neve foi tomando conta da paisagem até que, quando menos esperamos, a paisagem ficou completamente branca! TUDO ficou branco e frio ao nosso redor! E eu estava ficando doida de vontade de saltar do carro e mergulhar de boca na neve!!! Kkkk Matuta de neve detected.

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Ficou tão frio que fomos logo em direção às lojinhas do comércio que fica bem próximo à Torre da Serra da Estrela, onde encontra-se MUITA coisa de frio e mais algumas comidas e bebidas da região. Leo, que estava esbanjando resistência ao frio e tinha começado a viagem em Lisboa – onde todos já estão de casacos pela rua – com uma camisa normal (T-shirt) já havia se empacotado todo e precisou até comprar luvas porque não havia levado!!! As meninas (eu e Gabi, apesar de que eu descobri que aqui em Portugal so se fala menina para menores de 5 anos kkkk) aproveitamos logo para irmos ao sanitário, claro. Lá mesmo, decidimos não irmos logo para a Estância de esqui, ver as pessoas brincando na neve nos animou MUITO e compramos – cada casal – um disco para brincarmos também! Rss. Além, claro, de termos provado alguns queijos típicos da Serra da Estrela (lindos e DELICIOSOS DEMAAAIS) e até compramos um queijo inteiro para lancharmos na viagem mesmo… Devoramos! É realmente MUITO bom. Todas as necessidades resolvidas, óvio, caímos na neve!!! Literalmente também kkkk

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Se fizemos anjinho na neve? Fizeeeeemos!

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Se fizemos boneco de neve? Fizeeeeemos!

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Se fizemos corrida na neve? Fizeeeeemos!

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Se fizemos guerra de bola de neve? Fizeeeeemos!

E juro que não foi combinadinho pra foto! Rsss.

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Se tiramos fotos de todos juntos na neve? Siiiim!!!

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Nos distraímos tanto, nos divertimos TANTO que só saímos de lá depois de PRIMEIRO, perceber que as pessoas todas estavam saindo pouco a pouco (haviam algumas muitas pessoas brincando ao redor de nós também) e então nós olhamos o relógio e vimos que passaram horas rapidamente e se não saíssemos de lá naquele momento íamos atrasar muito o roteiro (afinal, eram três horas de viagem para retornar a Lisboa e ainda tínhamos outras coisas para ver: a Torre da Serra da Estrela, a Estância de Esqui, a Lagoa Comprida e Seia, uma das várias vilas próximas à Serra). Além desses fatores, percebemos que a cada hora que passava ia ficando cada vez mais nublado e também cada vez mais úmido! Emoção!!! Rs. Juntamos todos os brinquedos (kkkk) e fomos em direção ao carro, prontos para o próximo destino: a Torre, que marca o ponto mais alto da Serra. Fato que não conseguimos ver muito da Torre… Ela estava fechada e estava uma neblina MUITO forte, tiramos fotos e logo voltamos para o carro depois que provamos o conforto do quentinho do carro, o frio do lado de fora se tornou extremamente pior… Dizem que em dia claro dá para avistar até o oceano a partir da Torre, mas naquele dia… Bom, não preciso falar, né? Difícil ver uma pessoa na nossa frente, quanto mais o oceano. né?! E seguimos em direção à estância de Esqui que ficava bem no meio do caminho até a Lagoa Comprida.

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A verdade do fato: A neblina estava TÃO forte, mas TÃÃÃO forte que passamos direto da Estância de Esqui e NÃO A VIMOS! Pasmem: a entrada da Estância se localiza NA BEIRA DA ESTRADA! O fato oculto: estávamos todos TÃO cansados e TÃO confortáveis no quentinho do carro que nem ficamos tão tristes assim de não termos visto a Estância… Afinal, estava MUITO frio, se calhar ela deveria até estar fechada, visto a neblina que estava, e não faríamos na-da de fato lá além de vermos a estrutura, tirarmos uma foto e sair… No fim das contas, então, essa perda foi um ganho. E partimos felizes direto para a Lagoa Comprida.

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Foi ao descermos do carro para tentar adivinhar por onde acessávamos a Lagoa Comprida que senti o maior medo por causa da neblina tão densa: Diego começou a caminhar e fui sentindo que ia perdendo-o de vista e aí claro que o chamei de volta! Meu coração bateu forte imaginando ele se distanciando muito e não conseguirmos mais vê-lo e acontecendo algo… Olha o perigo da neblina!!! Outra coisa espantosa é o tamanho da Lagoa comprida! Diego, que é um homem grande, teve até que escalar as escadas com pernas e braços! Rs.

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A Serra da Estrela tem muitas lagoas, mas a Lagoa Comprida é a maior delas, era um antigo glaciar com 1km de extensão que foi aproveitado para produção de eletricidade. Na margem da lagoa existe um percurso, com acesso através de uma escada perto de uma casa que não descobrimos o que era porque estava fechada na sua margem norte. Não, não percorremos tudo, subimos as escadas, olhamos o que dava para ver da água (o que a neblina permitiu ver) da lagoa, caminhamos um pouco atééé que o frio nos venceu e voltamos novamente para o carro a seguir viagem! Rs. E, antes que eu esqueça de comentar, foi nesse ponto, na casa que fica próxima a Lagoa, que nós avistamos de pertinho um cão da Serra! Tão lindoooo! É que a Serra da Estrela é tão peculiar que tem até uma raça de cães de la, que têm pêlo grosso e áspero que os ajudam a aguentar o inverno rigoroso.

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Enfim, pé na estrada! Teoricamente nós íamos dar uma paradinha também em Seia (um dos municípios das proximidades da Serra da Estrela) entretanto estávamos tão exaustos, mas TÃO exaustos, que vimos a cidade através da janela do carro mesmo, quentinhos e acomodados e sem todos aqueles casacos e impermeáveis, que estavam já ensopados, em cima de nós! Rs. A cidade pareceu ser linda e merecer uma visita! Quem sabe uma outra oportunidade, não é?! Mas a diferença de temperatura Serra da Estrela/Lisboa era tamanha (pegamos -4ºC na Serra) que nosso carro ficou TODO embaçado e ainda quando chegamos em Lisboa ele estava completamente embaçado, de tal forma que um carro de polícia em Lisboa pediu para que parássemos para checar se estávamos “na linha”… No mínimo ele achou que era fumaça de dorgas, né? Rs. Estava TUDO ok, Leo não precisou nem de bafômetro e em alguns poucos minutos a polícia nos liberou para chegarmos em casa e desmaiarmos de cansaço!

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No fim do dia eu estava mor-ta: nariz mega vermelho, gelinhos em cima do meu corpo inteiro, roupa e cabelos ensopados, sentia os primeiros sinais de que, no dia seguinte, acordaria quebrada. Digo, na volta eu estava mega acabada e, tanto eu quanto Gabi, tiramos inúmeros cochilos enquanto Di e Leo conversavam empolgados durante praticamente a viagem inteira (que disposição, viu?!)! Mas… Sabe aqueles dias que parecem uma verdadeira meditação?! É quando você consegue não pensar em mais nada, nenhuma preocupação sequer, além de sentir o momento presente… Cada nuvem, cada folha, cada pedra, cada animal, cada vila, cada coisinha que surgia a nossa frente de cada realidade distinta que aparecia era, ali, capaz de chamar nossa atenção. Sim, parecíamos mesmo adultos com almas, alegria, curiosidade e energia de crianças. Ah… Se fosse possível, SEMPRE que nos detectássemos em alguma etapa da vida em que nos sentíssemos acomodados a uma realidade, a uma rotina, ou até mesmo no ponto de estarmos esgotados e cansados, eu diria: viaje! É vital! Viagem é o catalizador do reaprendizado a nos energizarmos com o que está ao nosso redor, do reaprendizado a aprender, ou seja, a viver. Filosofias e teorias baratas e batidas a parte, vou sentir saudade desse dia sempre. E acho isto ótimo!

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