Mirantes de Lisboa

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Depois do pôr do sol mas ainda assim relacionado a ele o que eu mais gosto de Lisboa, definitivamente, são as vistas que a cidade nos proporciona, seja pela natural topografia, seja pela disposição e característica de seus edifícios, largos, parques e praças. O fato é que se você ama o nascer/pôr do sol como eu aprendi a amar, já é de se esperar que Lisboa o agrade de forma especial… Dizem que Lisboa foi fundada, assim como Roma (e como Garanhuns, em Pernambuco – Brasil. Rs.) numa povoação rodeada de sete colinas. São elas: São Jorge, São Vicente, São Roque, Santo André, Santa Catarina, Chagas e Sant’Ana. A partir deste simples fato já dá para prever o que inspirou o nosso dia em Lisboa, relativo a este post: há inúmeros mirantes (ou miradouros, tanto faz) espalhados pela cidade! Foi numa quarta-feira ensolarada e descompromissada, a tarde, que eu e Diego resolvemos conhecer alguns dos principais deles, que irei apresentar um a um. Nossa primeira parada foi no Miradouro de Nossa Senhora do Monte, localizado em frente à Capela de Nossa Senhora do Monte (dã) – adianto que quase todos os mirantes que visitamos estavam muito próximos a uma igreja – ao chegar lá, percebe-se que é possível observar de imediato algumas das principais referências espaciais da cidade como um todo, da esquerda para a direita: o Convento da Graça, o Castelo de São Jorge,  o Santuário Nacional de Cristo Rei, a Ponte 25 de Abril e, abaixo, o largo do Martim Moniz.

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É interessante que logo percebe-se, também, o quão antigo é o Mirante, basta olhar as placas em azulejos com a perspectiva da vista a partir do Mirante, que é mesmo antiga, de tal forma que pudemos “brincar” de detectar alguns dos grandes edifícios que existem hoje e não existiam na época da confecção delas. Perdemos um pouco de tempo ali, até porque precisávamos descansar já que, acredite se quiser, subimos tudo a pé! Não nos julguem, nós realmente gostamos de conhecer a cidade caminhando… Mas sim, da próxima vez pegaremos um elétrico até lá! Rs.

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Outra coisa interessante é perceber que tinham alguns portugueses, a maioria dos que lá estavam – que, como eu disse, já não eram muitos – eram casais de namorados, afinal, concordo que essa vista romantiza qualquer momento, né?! Os demais eram grupos de amigos que iam alí socializar, havia uns ou outros com suas cervejas na mão e alguns até esbanjando a coragem se ficarem sentados na beirada do miradouro coragem essa que eu não tenho. O jardim do miradouro também foi bem convidativo, pode não ter parecido pelas fotos, mas ali era bem arborizado, cheio de banquinhos, a vontade era mesmo ficar por lá até assistir o pôr do sol, mas acredito que todos os miradouros deem esta mesma vontade. Além disso, nosso objetivo era percorrer os miradouros mais conhecidos dessa “área” de Lisboa, então, logo saímos de lá…

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O caminho de saída do nosso primeiro mirante visitado, em direção ao segundo, reservou-me uma surpresa especial e, até certo ponto, íntima. É que havia um muro de umas ruas todo rabiscado e, de alguma forma, aquilo ali me chamou atenção, mas sei que não só a mim, muitos que vinham caminhando ao nosso redor também pararam para dar uma lida na poesia de esquina, mas quando meus olhos correram para a autoria, logo abaixo de todas as demais palavras, meu coração deu um saltinho de saudade, e é nesse fato que está a minha surpresa “íntima”. É que minha mãe costumava citar este nome vez ou outra, como quem se referia a mim ou a uma memória inconsciente qualquer, assim… do nada! Florbela Espanca. Definitivamente é um nome que levarei para a vida e que, até hoje, não tinha nem noção de quem se tratava, perdoem minha ignorância. O fato é que ainda sou chamada, vez ou outra, carinhosamente, de Florbela, pela minha mãe. Eu realmente acredito que seja pelo que o nome sugere por si próprio, e até soa gostoso só pela alegria que ele remete, mas cá fui eu ao nosso amigo Wikipédia, digo, amigo dos que estão num momento preguiçoso pra leitura, perdoem-me por isto também, mas é que está bem tarde por aqui neste exato momento, e não podia esperar para saber de quem exatamente se tratava e então foi aí que descobri que trata-se de “uma poetisa portuguesa. A sua vida, de apenas trinta e seis anos, foi plena, embora tumultuosa, inquieta e cheia de sofrimentos íntimos que a autora soube transformar em poesia da mais alta qualidade, carregada de erotização, feminilidade e panteísmo.” E cá tiro minha conclusão: tirando o fato da poesia, com sua erotização, feminilidade e panteísmo (seja lá o que significa esta palavra), e também, espero, a vida dela que só durou trinta e seis anos, e talvez tirando também a vida tumultuosa, posso dizer que me identifiquei com o fato de ela ser… mulher. Rsss. De fato minha mãe deve me chamar de Florbela apenas pelo nome. E eu gosto. E panteísmo “é a crença de que absolutamente tudo e todos compõem um Deus abrangente” (é, pesquisei no Wikipédia também! Kkkk). Ok, NISTO, me identifiquei bastante com Florbela Espanca, mas permitam-me interromper o raciocínio e voltar à tarde dedicada aos Mirantes, que estava apenas começando…

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Enquanto caminhávamos, e caminhávamos, e caminh… Também ficamos distraídos com coisas da cidade que nos chamavam a atenção – e deve chamar a todos os que vêm de fora – como o elétrico (que eu acho que todos os brasileiros chamam de bondinho), alguns postes, praças, etc. Tudo isso só aumenta ainda mais o prazer de conhecer uma cidade completamente à pé, só troco isso por algum meio de transporte caso o meio de transporte seja “parada” obrigatória de uma cidade – assim como faz parte do turismo em Lisboa andar de “bondinho” pelo menos uma vez – ou quando o tempo de visita a uma cidade é muito limitado. Bom, próximo ao segundo mirante do nosso trajeto, demos uma paradinha para tirar foto do belíssimo Jardim Augusto Gil, que faz parte do Largo da Graça, bem ao lado do Convento da Graça. Este Jardim nos chamou atenção pelo ar bucólico, apesar de as árvores estarem ainda sem folhas devido ao clima, as estátuas existentes e a pequena fonte… Tiramos fotos e seguimos ao mirante.

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Diferente do primeiro miradouro visitado, neste (Miradouro da Graça ou Miradouro Sophia de Mello) não vemos a vista logo de primeira, percebemos primeiro o como este era bem mais agitado, talvez pelo fato de haver uns quiosques a vender bebida e comida e oferecer mesas e cadeiras para grupos de pessoas. Era tão agitado que tínhamos também que encontrar lugares entre as pessoas no para-peito para poder encostamo-nos e apenas admirarmos a paisagem… Este segundo, de cara, não foi meu favorito, ao comparar com o anterior, mas talvez seja uma melhor pedida caso esteja com um grupo grande de amigos e uma energia extra, mas definitivamente não para descanso. Rs.

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As fotos deste mirante ficaram um pouco prejudicadas pela posição do sol assim que chegamos lá, bem a frente da câmera – caso a câmera estivesse direcionada para a vista, claro – e eu não estava muito disposta a perder tempo com a máquina, ajustando as configurações aqui e ali a cada clique, eu queria mesmo era conseguir captar ao máximo aquela visão e sentir da melhor forma aquele momento… Percebi logo que este tinha quase todos os mesmos elementos “marcos” de Lisboa a aparecer, porém muito mais próximos! Entretanto, neste Miradouro, passamos menos tempo do que no anterior, por motivos já mencionados, e então seguimos a caminhada.

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Chegamos então ao famosíssimo Miradouro das Portas do Sol, que na realidade já havíamos conhecido “sem querer querendo” no dia em que fomos ao Castelo de São Jorge – sim, estou devendo um post inteirinho sobre ele – e já havíamos tirado umas fotos desta mesma paisagem, que não cansa, e é irresistível para fotógrafos, quando mais fotógrafos amadores como eu, que dá pulinho de alegria quando a paisagem por si só já ajuda MUITO às fotos ficarem lindas! Rs. Este miradouro, ao contrario dos anteriores, nos dá uma visão ampla do rio Tejo, e todos os seus acontecimentos como o navio que estava parado a nossa frente, com muita fumaça, e perdemos um tempo nos questionando o que teria acontecido, mas concluímos que não deve ter sido nada demais, caso contrário chegaria resgate ou algo do tipo. Chama atenção – é chamativo mesmo, mas não fomos – um restaurante logo abaixo do miradouro, mas de vista igualmente incrível – que é este aqui, pra quem interessar – onde se pode comer e relaxar tranquilamente… Sim, este foi mais um Mirante que deu vontade de parar alí mesmo e ficar até o pôr do sol, mas estávamos dispostos a conhecer os outros…

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Além do Rio Tejo, a vista do Miradouro das Portas do Sol também chama atenção à duas igrejas a esquerda da vista panorâmica oferecida:  a mais próxima ao rio é a Igreja de São Estevão e, acima, mais a esquerda ainda, a Paróquia de São Vicente. Além de suas posições na paisagem, acredito que a posição do sol naquele momento também contribuiu muito para que elas se apresentassem ainda mais lindas na paisagem!

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MUITO próximo ao Miradouro das Portas do Sol, localiza-se o Miradouro de Santa Luzia, nossa quarta parada da tarde. Infelizmente, antes da vista maravilhosa, me chamou muito a atenção o fato de o Miradouro não se apresentar conservado, parece até que não dão tanto valor a este, mas é visível o potencial do espaço, e até certo ponto invejável se imaginarmos como era no passado (com toda a estrutura bem cuidada) em comparação com o como apresenta-se hoje… Há um jardim, aparentemente não muito bem cuidado, apesar de ser de fato a coisa aparentemente mais bem cuidada do miradouro, muita azulejaria (quebrada), um pergolado (semi-destruído) e a vista… Aaah… Intacta! Um dos miradouros mais bem “estruturados” se considerarmos que a estrutura do pergolado enquadra muito perfeitamente o horizonte a ser admirado além de, quando bem-conservado, dar um aspecto super romântico ao mirante. Passamos um tempo lá a observar o jardim, umas estátuas que lá haviam, um pouco espantados com a falta de conservação do patrimônio (apesar de isso ser um problema nada pontual, digo, o mundo todo enfrenta isso hoje em dia) e, claro, a observar o Rio Tejo.

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O sol também nos presenteou com uma imagem não esperada do dia, mas super linda, o da Igreja da Sé de Lisboa, ou  Igreja de Santa Maria Maior, que estava no meio do nosso caminho ao quinto e último miradouro do dia. A igreja é linda e imponente, mas estava fechada, por isso não entramos, mas a posição do sol naquele momento que passamos por ela, parecia que estava direcionado apenas para ela – eu deveria ter tirado uma foto mais de longe para mostrar o contraste que estava com os edifícios do entorno. E, acreditem, pessoalmente estava ainda mais bela do que em foto! Não duvido nada que dentro também seja interessante, quem sabe num outro dia não a conhecemos…

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Nosso último Miradouro daquele dia foi o Miradouro de S. Pedro de Alcântara, localizado no Jardim de São Pedro de Alcântara, e foi de fato no maior clima de despedida do dia. Como nós percorremos naquele dia apenas os miradouros do centro, e terminamos com a vista voltada para a cidade, e não para o mar, não vimos o pôr do sol naquele dia. Quando chegamos neste último miradouro o sol já estava baixo, e pareceu mesmo que a realidade bateu de frente com a gente naquela hora: in-ver-no. Aquele dia de sol a caminhar pelos demais mirantes foi quase um oásis no meio à rotina fria destes meses de inverno, e então ao chegar neste último, nada de raios de sol, tudo tão branco, o céu um pouco nublado, as árvores sem nenhuma folha… mas minto se disser que não foi agradável estar por alí. O jardim tem uma excelente estrutura para quem gosta de sentar, curtir o movimento de pessoas, observar a paisagem, talvez até parar para ler ao ar livre. O Jardim tem dois níveis, passamos um tempo sentados num dos bancos do nível mais alto, e por fim descemos para termos a vista mais de perto e sentarmos uns minutos para descansarmos e tomarmos um café – Diego pediu água mesmo… O que é uma ótima pedida para depois de tanto caminhar, mas o café me reenergizou um bocado. A vista deste era diferente, víamos mais da cidade do que do Rio que a margeia, as luzes das casas (e as do jardim) estavam a acender, e deram um ar mais bucólico ao Mirante com ar eminentemente de inverno. E dessa forma, terminamos a nossa tarde de percurso a uns dos principais Mirantes – ou Miradouros – do Centro de Lisboa.

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