Bruxelas, Bélgica

DSC_0287_edited

Aviso: este post está BEM grande, não resisti.

Três dias não são o suficiente para conhecer uma cidade, engana-se quem fala isso de qualquer cidade que seja. Veja bem, eu morei aproximadamente vinte e três anos em Recife e sempre que me mudo volto para lá com uma lista de lugares para conhecer: o Museu do Estado, o Paço do Frevo, restaurantes novos, enfim. E não é só isso, a cidade é dinâmica, é muito mais do que “pontos turísticos”, a cidade muda com as horas, as estações, o passar dos anos. Viajar, ao menos para mim, é mais do que parar na frente dos principais símbolos e lugares da cidade e registrar com fotos/vídeos este fato, é vivenciar cada detalhe… Música, dança, comida, bebida, temperatura, rotina diária, trânsito, sol, entre infinitas coisas que podem nos chamar atenção à vida. Digo “à vida” porque, se passamos toda a existência num mesmo lugar, até as mudanças naturais terminam por ser vivenciadas de forma relativamente esperável… As “quebras de experiências”, esses momentos diversos da nossa rotina habitual, dessas mudanças relativamente cíclicas ao passar ANOS morando no mesmo lugar, nos despertam ao pensamento de que a vida é mesmo rara e deve ser dado o devido valor. Perdoem-me a divagação, mas surgiu-me naturalmente. O fato é que eu tive uma semana de “férias” entre um semestre e outro de aulas e nesse meio-tempo decidimos, eu e Diego, passar três dias em Bruxelas… Para isso, fomos atrás de notícias sobre turismo por la e achamos também vários blogs com dicas das melhores atrações e das melhores formas de nos deslocarmos por lá, então já começo este blog com este comentário, que serviria para a maioria dos posts que eu vi internet afora: não, gente, não dá pra conhecer Bruxelas em três dias, e olhe que eu já fui duas vezes lá! O que é possível fazer, na realidade, é selecionar as coisas que são mais interessantes e que gostaríamos de vivenciar nas cidades, digo, em toda e qualquer cidade que pensemos em visitar.

AdobePhotoshopExpress_d3696ff077924f4fb58ac40f2a7b9c6b (1)

Como sabíamos que nosso tempo de visita seria limitado, procuramos fontes de informações preciosas para acelerar nossas decisões do que tínhamos interesse em ver, e conseguimos fazer uma lista e rascunhos de roteiros a partir de matérias internet afora e, claro, com o auxilio do amigo mapa virtual (no caso foi o Here Maps, não o Google… É, meu namorado é um bocado “Nokia/Windows team”, rs… mas nesse caso eu realmente indico esse app, porque é ótimo!) Além disso, Bruxelas disponibiliza também – acredito que todos os hotéis regulares o forneçam – um mapa maravilhoso com várias curiosidades e indicações de possíveis roteiros a seres percorridos pela cidade (e neste mapa também tem escrito um pouquinho de cada local – toda cidade devia fazer isso!!!). Ah… O nome desse mapa maravilhoso é o “use it” que TAMBÉM tem um site só dele: basta clicar AQUI para conferir, caso seja interesse, claro. Incrível, eu sei, também fiquei apaixonada por essa receptividade! Rs. Então, a partir disto tudo, nós decidimos os nossos lugares de interesse que serão apresentados a partir de agora, em que tentarei escrever em ordem de visita… Colocando a memoria pra funcionar em 3, 2, 1…

AdobePhotoshopExpress_4dc283e2ae084d38bfca702cf645000b

Primeira impressão de todas: o aeroporto Zaventem é incrivelmente mais próximo e mais bem servido que o Charleroi, caso seja possível escolher por qual aeroporto chegar em Bruxelas… Na viagem passada fui pelo Charleroi, desta vez pelo Zaventem, ainda bem. Em 15 minutos de trêm chega-se facilmente ao centro da cidade, mais especificamente à Estação Central de Bruxelas, e foi o que fizemos. Segunda impressão: os transportes ferroviários na Bélgica – tirando conclusões por todos os 4 que nós andamos durante toda essa viagem à Bélgica – são caros, bem caros, e não são tão bem conservados, se comparados a Portugal. Neste último caso, até o metro está incluso… Mas as linhas são boas, dá pra conhecer bem Bruxelas se deslocando apenas por metro, entretanto, se gosta de caminhar pela cidade como nós, não gastará nada com metro. Nós, como turistas, nos empolgamos em comprar o ticket de 24 horas de uso livre do metro a partir da primeira hora de uso, mas não vale a pena, fica mais uma dica, a cidade não é tão enorme, um ponto turístico está localizado ao lado do outro, e dá pra sobreviver apenas com quatro tickets de metro: um para se deslocar da Estação Central para o Hotel assim que chegar na cidade, outro para ir e voltar do Atomium que é relativamente longe do centro da cidade e o último para sair da cidade, claro.

Assim que chegamos na cidade fomos logo fazer o check-in, deixar as malas no quarto (aí acima era nossa vista!), traçar nosso percurso do dia, nos encasacarmos um pouquinho mais porque voltaríamos a noite e com certeza se já estava frio, imagina a noite! Acertamos, a Bélgica é BEM fria no inverno! Rs. Não vimos neve na cidade, infelizmente, ou felizmente, nunca se sabe, tudo tem seu lado bom e ruim, mas sentimos na pele como se tivéssemos visto! Rs. Bom, então aqui segue nosso roteiro, feito completamente a pé e sem cansar porque é realmente uma atração atrás da outra:

DSC_0014
Nossa primeira parada foi a Coluna do Congresso (acima) mais porque estava no meio do nosso trajeto ao ponto de interesse selecionado, na verdade, mas foi uma grata surpresa. É lindo, e trata-se de um monumento no meio da place du congrès, em comemoração a formação do estado belga e da constituição do Congresso Nacional da Bélgica, assembléia legislativa temporária em 1830, estabelecido logo depois que o Governo Provisório da Bélgica proclamou a independência do país, com o intuito de criar a constituição do país recente. O primeiro rei dos belgas foi o rei Leopoldo de Saxe-Coburgo-Gota, representado na estátua da Coluna do Congresso.

DSC_0010
Após esta parada, seguimos direto para a Cathedralis SS Michaelis et Gudulae, e-nor-me! Chegamos “por trás” e fomos aos poucos contornando a Catedral até sua fachada principal, e a escala é realmente impressionante, não sei como será o “impacto” da escala através de fotos, mas acreditem em mim, é chocante estar ao lado de um monumento tamanho… Depois de tempos espantados com a beleza e dimensões dela, fomos à praça que se localiza em frente à Igreja (SM le Roi Baudouin l, seja lá o que isso significa em francês…), e nesta também me chamou atenção coisas diversas, de equipamentos urbanos, com designs legais, e ainda bem que nos perdemos um pouco observando o ambiente como um todo, porque só assim pudemos presenciar as luzes acesas do anoitecer na igreja e os sinos tocando, um momento lindo!

DSC_0095_edited

DSC_0068_edited

Demos uma passadinha na Galeries Royales St Hupert, que também estava no meio do nosso caminho ao próximo destino de muito nosso interesse, e que é bem menor, mas lembra a visita à Galleria Vittorio Emanuele ll em Milão… Trata-se de uma galeria comercial vidrada, também muito bonita, construída antes (precedeu, portanto) desta famosíssima de Milão que eu citei aqui.

DSC_0128_edited

DSC_0115_edited
Bom, saindo de lá, nós seguimos para a Grand Place, a praça central de Bruxelas, super famosa. É considerada por alguns a praça mais bela do mundo! O prédio mais imponente dela, na minha opinião, é a câmara municipal, dificil até de enquadrar na foto de tão grande que é! Nesse momento já estava a noite e passamos um tempo a admirar a praça e a tirar “algumas muitas” fotos, porque é impossível abarcar a praça como um todo com uma câmera fotografica convencional, rs.

DSC_0173_edited

DSC_0176_edited
Já que estávamos próximos, então fomos em direção ao Manneken Pis, óbvio, parada mais que obrigatória em Bruxelas! Antes disso, confesso que no meio do caminho, que é repleto de inúmeras chocolaterias, e que também eram repletas de waffles, não resistimos e fomos provar! Eu pedi waffle de morango com chocolate belga e Diego pediu só de caramelo (ele não gosta muito de misturar fruta com doce, já eu… Misturo doce com quase tudo, e adoro). Preciso dizer que é uma delícia? Não, né? Agradeço infinitamente por Lisboa não ser repleta dessas iguarias, porque eu iria explodir se, além de bola-de-berlim e pasteis de belém, eu tivesse waffle belga a disposição facilmente…

DSC_0182_edited

DSC_0191_edited

Quando compramos nossos waffles e começamos a nos deliciar, nos viramos e… Lá estava ele! O menininho fazendo pipi! Eu lembro minha primeira impressão quando o vi pela primeira vez: tão pequeno! É isso mesmo, produção?! Quase igual a primeira reação quando a gente olha o quadro da Mona Lisa no Louvre… Só foi uma pena que, novamente, não vi o manneken pis com roupinha! Ele tem mais roupas do que eu tenho no meu guarda-roupa e eu nunca vi uma! São mais de 800 roupinhas exclusivas para ele, uma para cada “festividade”. Incrível, né? Quem sabe um dia eu consigo ver ele vestido em UMA pelo menos… Bom, a história mais aceita desse rapazinho a urinar conta que o filho de um duque no final do séc XVII foi encontrado urinando contra uma árvore no meio de uma batalha, e acredito que isto deve ter garantido muitas risadas e comentários porque terminou que esta estátua de bronze de 61cm é o símbolo da coragem militar do país!

DSC_0218_edited

DSC_0206
Depois disso, ficamos rodando a noite pelo centro de Bruxelas entre vááárias lojinhas de souvenirs, waffles, chocolates, cervejas… E também vários restaurantes, e todos os restaurantes em Bruxelas pareceu-nos super lindinhos e bem arrumados, dá vontade de entrar em todos, um por um… Então paramos na frente do conhecidíssimo Delirium Café, só que era tarde e o Café estava aparentemente fechado, mas ao lado tinha o Delirium Pub. Bom, o fato de fato é que eu e Diego estávamos extremamente cansados da viagem, não muito afim de Pubs e agito, super afim de banho e cama, então voltamos ao hotel. No trajeto ainda demos uma passadinha no Square Brussels Meeting Center que eu tinha ouvido falar deste como um projeto arquitetônico contemporâneo (uma caixa de vidro com permeabilidade visual total, que permite avistar o acesso, a escadaria presente e que terminou me levando a pensar na pirâmide do Louvre, em Paris, confesso) que tinha ficado bastante legal e, por incrível que pareça, bem integrado, e assino embaixo. No hotel, decidimos o que faríamos no dia seguinte – que contarei logo a seguir – nos arrumamos ou nos desarrumamos, depende do ponto de vista, e fomos desmaiar de cansados que estávamos.

DSC_0232_edited

DSC_0283_edited

Acordamos relativamente cedo para tomarmos café da manhã e aproveitar ao máximo o dia seguinte, nossa primeira parada foi a minha mais esperada da viagem: o Atomium. Sim, eu já tinha visto o Atomium na viagem anterior que eu tinha feito para lá, mas eu não tinha entrado nele. Eu li pela internet muita gente falando que o Atomium não era interessante, mas definitivamente quem fala isso não é interessado em arquitetura e muito menos é arquiteto. O Atomium fez parte da EXPO 58, exatamente onde também foi construído o famoso pavilhão que é projeto também de Le Corbusier, o Philips Pavilion, uma pena que o tenham destruído após a EXPO. O Atomium é conhecido como a Torre Eiffel de Bruxelas, foi projeto do arquiteto André Waterkeyn, e representa um cristal elementar de ferro ampliado 165 mil milhões de vezes. E a exposição permanente dentro dele é toda sobre a EXPO 58 e conta também um pouco a história do projeto dele, que começou com a idéia de ser uma Torre Eiffel invertida até chegar ao formato atual. É sempre interessante poder acompanhar a evolução de um projeto e toda explanação do desenvolvimento de um projeto arquitetônico deveria ser assim, sem mistificações…

DSC_0210_edited

DSC_0143_edited

DSC_0075_edited

CSC_0662_edited

Ao voltarmos do Atomium, começamos a caminhar novamente pela cidade, paramos no bairro mais pobre da cidade, o que me impressionou porque não achei tããão pobre assim, enfim, lá foi onde avistamos incríveis e lindas e aparentemente apetitosas batatas fritas, mas não comemos naquela hora porque tínhamos acabado de comer mas planejamos ir lá mesmo, voltar mais tarde para prova-las. Para quem não sabe, a origem da batata frita, mais conhecidas em inglês como french fries (batata francesa), é desconhecida, e a briga pelo título está entre a França e a Bélgica. Obviamente não poderíamos deixar de provar, né? E aprovar também. Rs. MUITO boa.

DSC_0229_edited

Depois seguimos para um parque lindinho e bem romântico onde o entorno é repleto de edifícios do Art Nouveau Belga, na época da construção dele foi obrigado que os edifícios no entorno tivessem belas fachadas ornamentadas.

DSC_0287_edited
Para chegar ao Parc du Cinquantenaire, passamos antes pela comissão européia, cujos brises nos roubou um bocado a atenção e terminamos por tirar um bocado de fotos para nossa coleção de referências, claro. Então seguimos para o parque… A maioria dos edifícios lá presentes, claro, foi construído em comemoração ao cinquentenário da independência da Bélgica! Dã! O parque é enorme, é bonito, legal para fazer piqueniques em dias mais quentes, acredito eu, eu super faria, e foi lá que o sol resolveu aparecer um pouquinho e nos fazer sentar só para sentir um pouquinho do calorzinho gostoso que tanto me tem feito falta nesse inverno sem-fim… Rsss. Outra coisa impressionante de linda são Les Arcades du Cinquantenaire – o arco do triunfo Belga mas acho que lembra mais o Portão de Brandemburgo de Belim – construído em 1905.

DSC_0462_edited

DSC_0384_edited
De lá, seguimos para o Parc Leopold – dá pra perceber a importância e imponência desse primeiro rei da Bélgica, né? – que fica localizado MUITO próximo ao European Parliament. O parque é bem lindinho também, com lago, cisnes, vegetação bem cuidada, romantiquinho, claro, mas o Parlamentarium, museu do Parlamento Europeu visitado logo após de nos perdermos na escala do edifício como um todo – é incrivelmente enorme! – foi o que mais curtimos ter conhecido na área! Acho que posso responder por Diego aqui… Rsrs. O museu apresenta acontecimentos que estimularam a criação da União Européia e, após isso, apresenta um vasto catálogo de acontecimentos desde 1950 (quando tudo começou) até os dias atuais e além! É uma visita muito instrutiva e interativa e inteiramente gratuita, incluso audioguia, e o melhor: também em português! Claro, com sotaque de Portugal, afinal só há o Português porque Portugal faz parte da União Europeia… Dã! [2]. A surpresa agradável do museu é o vídeo explicativo de como funciona o parlamento europeu, que se passa numa sala que simula um mini parlamento, para a gente sentir-se fazendo parte dessa realidade… Show de bola! Valeu MUITO a visita!

DSC_0506_edited

DSC_0564_edited

DSC_0570_edited

DSC_0609_edited

DSC_0596_edited

Saímos do Parlamentarium as 17hrs, justamente porque fechava exatamente as 17hrs em ponto, sem um segundo a mais ou a menos, e isso virou piada pro resto da nossa viagem, o museu fechou e expulsaram todo mundo! Caso contrario, eu e Diego seríamos capazes de virar a noite lendo e ouvindo as inúmeras histórias e registros do museu… Então ao sair de lá resolvemos seguir para o Parc de Bruxelles, aparentemente todo monumento por lá está relacionado à uma praça ou um parque, mas não estou reclamando, acho ótimooo, onde vimos, já ao escurecer, o Palais Royal. Lindo, mas tudo apagado!!! Ficamos impressionados (na foto o Palais Royal apareceu bem amarelado por causa da configuração da câmera, e graças a minha câmera deu para ver algo na foto, devido ao escuro que estava…rs.), nem parecia ponto turístico! Rs. Pensamos que talvez tivesse sido a hora, afinal, havia passado das 17hrs, rs. Piadas a parte (rir pra não chorar, né?), atravessamos o Parc para vermos também o Federal Parliament, lindo também, imponente também, neste haviam luzes acesas, mas era um Parlamento, fim de expediente, por que entraríamos, não é mesmo? Ficamos bem contentados com a contemplação das fachadas.

DSC_0631

DSC_0642
Como já estava tudo escuro e já havia passado das 17hrs (ok, não me canso disso… Rs.), resolvemos voltar para o Hotel, depois de termos parado naquelas batatas fritas lindas que havíamos encontrado no início da tarde e comprar duas porções enormes para experimentar! Gordinhos felizes e cansados, decidimos que no outro dia voltaríamos ao Palais Royal e ao Grand Place no dia seguinte, para conhecê-los durante o dia também, afinal já tínhamos conhecido todos os pontos mais importantes para nós e estes dois só havíamos visto a noite… E assim aconteceu!

DSC_0650

DSC_0049_edited

DSC_0302_edited

PS: Não sabia, mas no Rio de Janeiro, em frente ao estádio do Botafogo, tem uma réplica do Manneken Pis! Vou gravar isso para ir à procura no dia em que eu voltar ao Rio! Rss. Outra curiosidade, agora pessoal, é que é na Bélgica que tem minhas cervejas favoritas: a Leffe e a Stella Artois, são minhas favoritas porque são bem levinhas, então acredito que quem curte MUITO beber cerveja deve gostar de umas mais pesadas, mais alcoólicas talvez, da Alemanha talvez, vai saber… Mas minha cerveja favorita número 1 é mesmo essa Duvel (cerveja Belga também) a seguir:

DSC_0109_edited Chocólatra detected!!!! Rsss.

E, para finalizar o post, uma sensação e conclusão pós viagem: uma “euro-trip” (visita à vários países europeus, um seguido ao outro) começa bem se partir da Bélgica, com parada obrigatória no Parlamentarium!

Deixe um comentário